Na era da transformação digital e do acesso fácil às obras literárias mais importantes, é normal querer saber se vale a pena abrir uma livraria. Mas para responder com toda segurança, é preciso fazer uma análise profunda do mercado atual.
Embora os livros sejam cruciais na educação, na formação do pensamento crítico e no enriquecimento cultural, seu formato digitalizado mudou tudo. Sendo assim, acompanhe a leitura e confira ponto a ponto se você deve perseguir ou não este sonho!
Será que ainda vale a pena abrir uma livraria? 3 pontos para debater a respeito
Se você quer saber mais sobre o mercado de livraria, provavelmente entende o contexto preocupante de algumas das maiores livrarias do Brasil, né?
Isso porque nos últimos anos, empresas conceituadas como a Livraria Saraiva e a Livraria Cultura, enfrentaram grandes problemas financeiros. No caso da Saraiva, inclusive, a empresa decretou falência e chegou a fechar todas as unidades em 2023.
Contudo, isso não quer dizer automaticamente se vale a pena abrir uma livraria ou não. Afinal, falamos de empresas massivas que atingiram um ponto de crescimento sem retorno. Diante disso, fique com uma análise “pé no chão” sobre o futuro do setor!
1. Como está a demanda atual no mercado de livrarias?
A necessidade e procura pelo conhecimento que só o livro proporciona, ainda são as mesmas. Aliás, o conhecimento nunca foi tão valioso para quem precisa atingir um nível específico de aprendizado, seja para os estudantes ou profissionais.
Entretanto, a forma de consumir conhecimento mudou conforme a transformação digital se consolidou em todos os níveis da sociedade moderna.
Vide você, que está aí do outro lado, possivelmente com um celular na mão que detém todo o conhecimento da humanidade, concorda? Somado a isso, há o consumo de e-books e audiobooks, que simplificam a absorção de mais sabedoria.
Apesar disso tudo, é importante destacar que o mercado ainda consegue absorver novas livrarias, mas não nos moldes de antigamente. Pelo contrário, sua livraria precisa estar de olho nas mudanças e implementar ações inovadoras.
Em outras palavras, é preciso aproximar o universo digital da oferta de livros físicos. Hoje em dia, os principais nichos que sustentam a estrutura de uma livraria são:
- Literatura infantil e seus diferentes subnichos.
- Livros de autoajuda e Desenvolvimento Pessoal.
- Obras com foco na educação e aprendizado de profissões.
- Obras de ficção dificilmente serão substituídas 100% pelo digital.
Desse modo, eu diria que é preciso reaprender a empreender no mercado de livraria.
Mesmo porque, se não houvesse demanda, empresas como a DarkSide Books que, mesmo sem livrarias físicas se consolidou com edições para lá de transformadoras, não conseguiriam prosperar.
Então, é tudo questão de se adaptar, realizar um trabalho excepcional e diferenciar o negócio, a exemplo das livrarias café.
2. Quais os desafios que uma livraria enfrenta atualmente?
A meu ver, não foram os livros que se tornaram desinteressantes, mas sim os leitores brasileiros que se distanciaram dos livros. Veja, a transformação digital aconteceu no mundo inteiro, claro, salvaguarda as proporções de cada país.
Todavia, o nível de adesão aos livros físicos no Brasil é expressivamente menor do que nos Estados Unidos, por exemplo. Acontece que a leitura é incentivada desde muito cedo nas escolas americanas, bem como o acesso aos livros.
Como resultado, o americano cresce com uma intimidade maior do que os brasileiros. E esse é um dos grandes desafios, isto é, sobrepor a bolha que distancia as pessoas da leitura física. Mas aos poucos as iniciativas surtem efeito.
Desafios constantes no mercado de livrarias
- Concorrência com e-commerce: players gigantes no mercado, como a Amazon, interferem e desequilibram a competição de aspectos como preço e variedade.
- Margem de lucro: fatores como custos operacionais, concorrência e descontos exclusivos das livrarias online, certamente impactam no lucro da livraria física.
- Mudança nos hábitos de consumo: o consumidor atual opta por tudo que é digital, pois infelizmente há maior praticidade. Desse modo, questões como inovação e adaptação devem guiar sua livraria.
- Logística: o gerenciamento de estoque, custos com frete e entrega são variáveis desafiadoras.
Portanto, é inegável que montar uma livraria requer muito jogo de cintura para acomodar tudo isso em um planejamento coeso.
3. Qual a margem de lucro de uma livraria?
Antes de falarmos da margem de lucro, eu queria pontuar sobre o investimento. Nesse contexto, uma livraria de médio porte, com foco no mercado local e boa estrutura, pode exigir facilmente valores entre R$150.000,00 e R$200.000,00.
Dentre os principais gastos, estão a reforma do espaço, mobiliário, estoque inicial e sistemas de gestão modernos. Sem contar no custo operacional mensal com folha de pagamento, aluguel, reposição de estoque e demais despesas.
Quanto à margem de lucro, ela varia conforme a livraria adquire seus produtos direto das editoras ou de distribuidoras. A porcentagem mais vantajosa é ao comprar das editoras, onde sua margem chega até 50%.
Por outro lado, a aquisição com uma distribuidora reduz essa margem para 30% ou menos.
Afinal, vale a pena abrir uma livraria atualmente?
Para ajudar você a determinar se vale a pena abrir uma livraria ainda hoje, eu encontrei um dado que resume tudo. Em 2022, um censo do IBGE apontou que apenas 16% das pessoas acima de 18 anos compraram livros nos últimos 12 meses.
De uma população com mais de 215 milhões de pessoas, apenas 25 milhões se declaram consumidoras de livros.
Desse modo, levando em conta investimento, desafios, longo retorno, dificuldade de acesso aos livros e ausência de iniciativas públicas para contornar isso, é de se pensar bem antes de abrir uma livraria.
Talvez seja interessante repensar o modelo comercial, investir em mais inovação e criar estratégias que mesclem o consumo digital à leitura física. Espero muito que tenha gostado das informações, compartilhe e até a próxima!
