Vender um produto que não tem em estoque configura publicidade enganosa?

Publicado por Lidia Massari em 22 de setembro de 2024

Vender um produto que você não tem em estoque não configura publicidade enganosa, desde que você cumpra a oferta e entregue o produto ao cliente que efetuou a compra dentro do prazo estipulado e sob as condições iniciais da oferta.

A prática de vender sem estoque é uma estratégia comercial cada vez mais valiosa, pois traz vantagens como baixo investimento e portfólio diverso. Porém, há cuidados que você deve saber para respeitar o Código de Defesa do Consumidor, confira!

Entenda se vender um produto que não tem em estoque configura publicidade enganosa

Vender um produto que não tem em estoque configura publicidade enganosa

Antes de mais nada, é preciso compreender que existe diferença entre vender sem estoque e não ter o produto em estoque.

Então, se uma loja anuncia algo fora de estoque e sabe que não conseguirá entregar, isso é um grande problema.

Acontece que ofertar sem garantir disponibilidade e entrega ao cliente, fere diretamente o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Nesse contexto, o cliente pode se apoiar no artigo 35 do CDC.

O que diz o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor?

Art. 35, se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

  1. I: exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação e publicidade;
  2. II: aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
  3. III: rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e as perdas e danos.

Portanto, aqui nós tratamos daquela empresa que realiza uma venda intencional, mesmo sabendo que não conseguirá cobrir a oferta.

Independente do motivo, seja desabastecimento, desorganização ou ruptura de estoque, o cliente está protegido pelo CDC.

Entretanto, a situação acima não diz respeito ao tema do conteúdo. Afinal, vender sem estoque não significa agir de má-fé, mas sim aproveitar uma tendência estratégica para escalar o crescimento do negócio.

O que significa vender produto sem estoque?

De forma prática, a comercialização de produtos sem estoque consiste em não ter o item físico na loja ou empresa.

Contudo, o vendedor tem uma cadeia logística à disposição que fica responsável por entregar os produtos, geralmente comprados online. Como funciona?

  1. O cliente identifica a oferta em um site e realiza a compra.
  2. A oferta deve mostrar as informações quanto a valor, prazo de entrega e direitos de devolução e desistência.
  3. Após a venda e o pagamento, o vendedor solicita o item.
  4. Agora o fornecedor/fabricante fica responsável pelas demais etapas.
  5. Dessa forma, o produto não passa pelas mãos do vendedor.

Todavia, é fundamental que o processo da venda até a entrega aconteça de forma transparente e informativa. Além disso, é crucial respeitar os direitos do consumidor, bem como garantir a entrega dentro do prazo conforme a oferta inicial.

É crime vender um produto que não tem em estoque?

De forma alguma, não existe ilegalidade em vender produto sem estoque a partir de um fornecedor terceiro.

Entretanto, este parceiro comercial tem que ser confiável para que a disponibilidade em estoque não afete a entrega.

No universo digital, é normal encontrar clientes que compram em grandes lojas, mas que têm notícias desagradáveis.

O mais comum é quando a empresa afirma que o produto constava em estoque no momento da compra. Porém, no momento da separação para envio, a surpresa que deixa todo cliente furioso, o produto está fora de estoque.

Por sua vez, a empresa tenta cancelar a compra e ressarcir o cliente. Mas como você viu, ele pode exigir o cumprimento da oferta.

Apesar disso, não há crime e ilegalidade, muito menos publicidade enganosa, apenas uma situação que deve ser resolvida rapidamente.

Veja o que se enquadra em propaganda enganosa

O Código de Defesa do Consumidor procura ser transparente sobre o que é publicidade enganosa. Nesse caso, a comercialização sem estoque não se caracteriza, mesmo que a empresa acabe sem disponibilidade de estoque.

Pelo contrário, a publicidade enganosa é aquela que leva o consumidor a erro. Aqui eu destaco o contexto onde a loja divulga informações sobre o produto que não são verdadeiras, apenas para obter ganho financeiro.

Além disso, ações que induzem o cliente a acreditar em algo que não se aplica na prática, também é publicidade enganosa. De certa forma, são situações que lesam o consumidor em benefício da empresa, isso é ilegal e pode se configurar crime.

O que consta no artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor sobre publicidade enganosa?

O CDC possui um artigo que trata especificamente do que se configura como publicidade enganosa:

Art. 37, §1°: É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.”.

Diante disso, fica evidente que vender um produto sem estoque não configura publicidade enganosa. Ainda mais quando a empresa trabalha com transparência, de forma ética e legal.

Como vender sem estoque da forma correta e legal em 2 passos simples

Como vender sem estoque

Muito se fala em vender sem estoque e como é uma estratégia do futuro. Contudo, poucas pessoas abordam o tema para ajudar o empreendedor de fato.

Atualmente, você encontra várias modalidades comerciais que dispensam a necessidade de estoque. Dentre elas eu cito a venda de produtos digitais que são ainda mais abstratos, pois a empresa vende um produto que só existe no ambiente digital.

Por isso eu decidi falar sobre as modalidades de venda de produtos físicos, mas sem a necessidade do estoque.

1. Como funciona o Dropshipping?

O dropshipping é o resumo do que se trata vender sem estoque, e se tornou uma das principais formas de vender pela internet.

Neste cenário, o comerciante realiza uma venda através de e-commerce ou loja virtual simples. Em seguida, ele transmite as ordens de pedidos para seu fornecedor que pode estar em qualquer lugar do mundo.

Por fim, o fornecedor embala e envia o produto direto para o cliente do comerciante parceiro. Como resultado, o vendedor diminui o gasto operacional e elimina o estoque, fatores que ajudam a impulsionar o seu crescimento.

2. Revenda e parceria com fornecedores

Embora seja semelhante ao dropshipping, a venda sob demanda tem como o alicerce a relação comercial direta com o fornecedor ou fabricante.

Desse modo, você anuncia os produtos e cria as ofertas em sua loja virtual. Na sequência, você efetua a encomenda dos itens com seu fornecedor somente depois que a venda é realizada.

Por último, você recebe o produto, embala e envia ao seu cliente final, garantindo maior controle sobre o rastreamento e qualidade geral do negócio.

Todavia, nesta modalidade você tem que trabalhar com um prazo de entrega real. Não adianta chamar a atenção com um frete rápido, sendo que você depende da agilidade do fornecedor para finalizar a venda.

Nisso a gente volta ao problema de vender sem estoque e atrasar os pedidos, onde o consumidor pode acionar os meios de proteção e gerar complexidade na solução dos problemas.

A prática de vender um produto sem estoque é uma tendência mundial

Como você viu, não é verdade que vender um produto que não tem em estoque configura publicidade enganosa. Entretanto, a linha que separa ambas as realidades é muito fina, ou seja, é imprescindível que você trabalhe com seriedade e transparência.

Aproveitar as vantagens comerciais da venda de produtos sem estoque faz diferença no ganho final. Mas compreender a linha ética é ainda mais benéfico para a evolução da empresa. Gostou do conteúdo? Compartilhe e até a próxima!

Lidia Massari
Graduação em Publicidade e Propaganda, com oito anos de especialização em Marketing de Conteúdo, Inbound e SEO. Sou entusiasta de tecnologia, inovação, fascinada pela robótica e filmes de ficção científica. Sou curiosa e adoro aprender coisas novas.

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